segunda-feira, 11 de junho de 2012

FERNANDO QUASE SABINO



Para Sérgio Medeiros


Remexi as gavetas da sala vazia
Procurando pingos nos is.
Não encontrei respostas,
apenas docs de contas atrasadas.

Não toco bateria
Perdi a poesia
Da vida
Meu amigo escreve todo dia
Poesia.

Não me cobrem coerência, fui artista na Candangos Decapitados.
Os cocos estão no chão
E só encontro a unha encravada da gramática
No pé da letra.

Pessoa, bravo guerreiro,
Resiste no Real Porão.
Mnemosine do cerrado
a entoar os cânticos dos cânticos.
Lethe não vai te vencer, meu amigo.

A greve parou a vida
Mas trouxe a poesia.
Vento forte me escreveu um postal do Ceará
Atrás do Fernando em busca da Sá-bedoria.

Só quero o que pode dar certo.
Não tenho tempo a perder.
O livro que comprei para Sofia
Era a chave do enigma:
Fernando quase Sabino.

7 comentários:

  1. Como a gente vai saber o que pode dar certo se não tiver tempo pra tentar? pra perder tentando? Fico feliz que a greve tenha lhe devolvido a poesia, como li semana passada: "a poesia é capaz de nos salvar, é um meio perfeitamente adequado de superar o caos". Apesar de triste, sua poesia é muito bonita.

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  2. eu gosto muito do que li até agora.gosto mesmo. coisa rara.quase não gosto de nada.pra mim poesia é muito difícil. mas eu gosto muito e me divirto com o continental. gosto da ave triste da poesia, nunca alegre. gosto de nahum e judas em sabado de aleluia.mas chama sempre os heteros convictos a um entendimento psicnalítico como se fosse um viéis de sombra cortado que se poderia se dizer mais. então marcaremos com alguns amantes de poesia um vinho aqui em casa. mas és um poeta brilhante!

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  3. Meu caro poeta, suas doces palavras me incentivam a seguir nas sendas do delírio poético. meu próximo livro vai se chamar Zen Título e gostaria muito de sua opinião. Vamos marcar um vinho & poesia para celebrar Bacco.

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  4. Muito legal!
    Dá para perceber que tem muita coisa nas entrelinhas que me passam por não estar totalmente contextualizado, o que a deixa ainda mais bonita para mim.

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    1. Valeu, poeta. Agora é você ter coragem de também publicar seus escritos.

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  5. A julgar pelas referências a Torquato Neto na última estrofe deste poema e em outro poema do "Real Porão", percebo que tu gostas muito do cabra. E quem não gosta, né? Beleza de poema! E se a greve for necessária pra que a poesia aflore, que venham outras!

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    1. Olá, meu caro. Que o extraordinário seja o caminho da vida. Viva Torquato e abaixo o bom-mocismo nacional!

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