sexta-feira, 24 de julho de 2015

DESORDEM

A luz atravessou o quarto.
A ordem dos livros
quebrada
no número 18,
dente fraturado
em briga adolescente.

Não consigo
pôr nada em ordem.
Kaos de ideias
que, a deriva,
não encontram ecos
na vertigem do dia.

Seus olhos
- piscina na favela -
deixam-me atônito,
encandeado pelo fogo
do desejo.

Jean Cocteau lia o testamento
orfeônico:
como escrever
poema
em linha reta?

Que falta
você faz,
Pessoa!

Afogado
na terceira margem do rio
(São Francisco)
não sei
se o poeta
sobreviverá,
vapor a correr,
as corredeiras da vida.

Um comentário:

  1. Tive o prazer de por acaso (ou por destino, quem sabe?) esbarrar em seus escritos maravilhosos!
    Passei em sua DESORDEM, vivi sua desordem, seu kaos.
    Me encontrei na beleza de suas palavras, descansei e me agitei a cada estrofe... Misto de perturbação e calmaria!
    Obrigado por compartilhar!

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