meus dedos
tilintavam na cerca da escola parque da 508 sul
a
caminhada da W3 até a casa da tia na L2 seguia tranqüila
de
repente, um poste atravessou na frente
tonto e
atordoado, caí com as mãos na cabeça
ao longe,
gritos eufóricos ecoavam de todas as quadras
era a
final da copa de 70.
o galo
cantava e eu não entendia tamanha euforia
bandeiras,
carros, buzinas, mulheres
as árvores
e a quadra estavam, como nunca, verde e amarela
meus
pulsos de cinco anos nada podiam entender
mas mesmo
assim pulsavam
forte
meu pai,
com o velho continental sem filtro à boca, sorria
tresloucado
minha mãe,
comedida, estava preocupada com o nosso retorno
não havia
ônibus e a cidade era uma festa
quase
quarenta anos depois
essas
imagens me assaltam a memória
será que
já podemos esquecer os mortos insepultos?
àquela dor
de cabeça de 70 volta a me atormentar
e teima em
não me deixar dormir...
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